O livro Inventor de Poesia que ora vos apresento reúne poemas com multiplicidade de temas, para leitores de preferências diversas em qualquer idade. A autora, que não se declara poeta, mas se diz escritora de versos, é dona de um estilo bem próprio: criativo, divertido e inteligente; fortemente caracterizado pela intertextualidade e metalinguagem. Surpreende com o talento que tem vindo da alma para criar e com a arte que possui para lapidar, aparar e montar seus versos.
Escrever é seu ofício. Um ofício que desempenha com paixão e seriedade. Sobre isso diz no poema “Vida e Obra”: Trabalho esculpindo poesias, /Aparando as arestas, /Lapidando aqui e ali... Em “Versos de Aprendiz”, fala também sobre esse tema: Escrever é meu refúgio./ Mergulho em meu ofício,/Modelo palavras. / Monto e desmonto versos.
Aos amigos dedica sua “Herança em Palavras”: Aos amigos deixo toda a minha gratidão, /Meus versos, todos os meus escritos, /Enfim, tudo que criei, /Que saiu do mais profundo de mim. No poema “Contentamento,” além da herança em versos que repartirá com muitos, menciona novamente o prazer de escrever: “Não quero sepultar o meu talento, / Se com ele posso contentar outras pessoas. / Aproveito os dias longos, / Para compor a herança que / Repartirei com muitos. / Escrever é meu ofício/ E meu prazer. E, ainda nesse poema,
numa alusão aos versos bíblicos, que recomendam que quem está alegre cante, quem está aflito, ore, ela diz: Se estou alegre, canto. /Se estou triste, faço versos.
numa alusão aos versos bíblicos, que recomendam que quem está alegre cante, quem está aflito, ore, ela diz: Se estou alegre, canto. /Se estou triste, faço versos.
Num mergulho à literatura universal, a autora conversa com o escritor Allan Poe nos poemas “Pra Sempre” e “Nunca Mais”, e com Elizabeth Bishop, respondendo ao seu poema “One Art”, com o poema “A Arte de Perder”.
Brinca com o trágico em “O Riso e o Pranto”, faz retratos escritos de si mesma nos poemas “Retrato Escrito” e “Metade de Mim”. De igual modo retrata com realismo outros quadros, como o de uma criança sozinha no leito de um hospital, vítima da “Guerra dos Homens”. Com isso, leva o leitor a visualizar cenas que ela pinta com palavras, conseguindo deslocar o leitor para dentro de sua obra.
Impressiona a mim e a outros o fato da autora desde cedo trazer na bagagem a habilidade de se expressar e montar seus versos belos e singelos como denunciam as poesias “Um chão Maior”, “Noite” e “Restos”, escritas e publicadas na adolescência. Há ainda escritos irreverentes como “Anúncio” e “Procuro Alguém”, feitos como que por brincadeira, apenas para divertir o leitor.
Enfim, são poesias para todos os momentos, que provocam no leitor as mais variadas reações, desde simples descontração a profundas emoções e deleite espiritual. Por todas essas razões, recomendo o livro “Inventor de Poesia: Versos Líricos”, certa de que cada leitor será envolvido pelas poesias multifacetadas deste livro, identificando-se mais com essa ou aquela, dependendo do estilo e preferência de cada um.
Fonte: Margarete Solange.
Inventor de Poesia: Versos Líricos, p18.
Queima-Bucha, 2010.