Um pequeno pássaro pousou sobre a parede da janela que abria para o pátio da frente da modesta casa do escritor. A avezinha movia a cabeça de um lado para o outro e piscava os seus olhinhos redondos. Instantes depois, voou atravessando o aposento em direção à janela que abria para o leste, de onde podia ser visto o nascer do sol. Desviou rapidamente o seu curso inclinando uma das asas para baixo, sobrevoou a mesinha sobre a qual estavam alguns papéis e a máquina de escrever e se foi, saindo pela janela de onde se podia observar, durante o dia ou em noites de lua cheia, a cancela da fazenda. Embora essa fosse uma cena corriqueira, Rodrigo acompanhou atenciosamente a trajetória do visitante alado. Um poeta busca enxergar a beleza das pequenas coisas.
Trecho da obra
Fazenda Solidão
de Margarete Solange
Santos Editora, 2001